segunda-feira, 31 de outubro de 2016

O Bardo #6 - Contos de Terror da Meia-noite

FELIZ ANIVERSÁRIO.

 

 O ser humano é capaz de muitas coisas; dentre elas estão matar, roubar e até torturar. 
Há semanas um assassino vem me tirando o sono. Seus alvos são qualquer coisa que se movimente. 
Semana passada ele abusou sexualmente e matou um menino de sete anos. 
E seja ele quem for, sabe esconder evidências como ninguém. 
Londres, 15 de dezembro de 2016. Casa do chefe de polícia Scott. 
-Então você vem até aqui só para me dizer que não conseguiu nada? 
-Eu e minha equipe fizemos o melhor que conseguimos. Analisamos cada milímetro de todas as cenas do crime dos três casos, e nada. 
-Nenhum hábito do assassino?
-Sim. 
-Pelo menos isso, e qual é esse hábito?
-Hábitos, na verdade; bom, são pessoas saudáveis, jovens, ele parece estar indo de idade em idade; Primeiro foi uma criança, depois um adolescente, depois um adulto de 21 anos. 
-Qual seria a próxima faixa etária? 
-Nós acreditamos ser de 25 a 28 anos. 
-Mais alguma coisa, Bruce? 
-Ah, me esqueci do mais importante, as pessoas que ele mata... 
-Diga, detetive! 
-Elas fazem aniversário no dia do assassinato. Logo quando saí da casa de Scott, a imprensa veio ao meu encontro. Desde aquele momento, eu sabia que estava inteiramente fodido. 
-Senhor Addler! Senhor Addler! Qual a sua posição sobre o assassino? 
-Senhor Addler! Vocês já descobriram alguma coisa? 
-Não sabemos muito, mas sabemos que estamos lidando com um profissional.
- Eu disse. Estava tudo correndo bem, na medida do possível, mas eu só ouvi a voz de um homem, dizendo: 
-E sobre seu aniversário ser no dia 17, daqui a dois dias? 
Agora sim. Fodeu. Eu me recusei a responder a pergunta deste repórter. Saí disparado pra casa, e à noite pensei em uma estratégia, ou até em me conformar. 
Londres, 16 de dezembro de 2016. 13ª D.P. 
Tento, tento e tento outra vez. Mas nada. Nada de digitais, nem no abuso sexual da criança, nem uma gota de sêmen. Um monstro. A cada segundo que passa, o medo aumenta. 
-Bruce, tem um telegrama pra você, deixei na gaveta da sua mesa. 
-Ah, ok Edna, obrigado. 
Eu abro a gaveta esperando alguma conta, até que... Feliz aniversário, detetive. Agora eu sei. Meus cabelos se arrepiam e eu congelo. Fico olhando para aquela carta como se fosse a última que iria ler. O pior é que tentei avisar sobre o que estava acontecendo comigo. Mas todos estão cagando pra isso. Londres, dia 17 de dezembro de 2016. Casa de Bruce Addler. 
É o dia. Como de costume, Scott me deixou de folga. O implorei para trabalhar e expliquei a situação. Mas não. A noite chega. Tomo um banho pra esquecer. Começo a pensar no caso, por mais que eu tente deixar o assunto de lado. Quando passo o shampoo imagino coisas acontecendo. Até que quando removo o shampoo, vejo um vulto. Eu fiquei mais um tempo no chuveiro. Nunca senti tanto medo em minha vida. Pouco a pouco vou morrendo. Por dentro e por fora. No banho inteiro olhei para os lados incessantemente. Quando saí do banho, havia um bilhete escrito com sangue, dizendo: Olá, detetive. Bonita casa. Eu e ele estamos nos divertindo. Em breve o senhor se juntará a nós. Não quero te deixar curioso, então aqui vai meu nome: 
JACK STRAVINSKY. Não demore. XOXOXOXOXO Ele? 
Eu, por algum motivo, resolvo seguir normalmente. Vou para o quarto. E abro meu closet lentamente, olhando para os lados. Vejo o corpo de Scott, enforcado. Parece que não era só eu que fazia aniversário naquele mesmo dia. Meu corpo se recusa a executar qualquer movimento. Olho para trás com pupilas dilatadas e respiração ofegante. E então antes de me virar completamente, sinto algo entrar em meu ombro. Uma faca. 
-Aaaaaahhh! 
A dor é terrível. Eu caio no chão e vejo seu rosto.
Seria melhor morrer do que olhar aqueles olhos outra vez. Olhos negros. Frios. Como se ele não sentisse nada. Um chapéu panamá. 
O rosto dele é mutilado, e um olho não possui pálpebras. Um macacão de carpinteiro sujo de sangue. Ele é um guarda-roupas. 
Rapidamente me tranco no closet. Cada soco dele na porta do closet aumenta o ritmo de meus batimentos cardíacos. Ficar ali foi burrice. 
Ele, com seus socos, abre um buraco na porta. Ele poderia abrir por dentro, mas continua socando. Sim, o bastão de baseball! Nunca agradeci tanto ao meu pai por tentar me colocar na escola de baseball. Os socos continuam, até que ele quebra a porta. 
Após três golpes com o bastão, a madeira cede. Era uma vez um bastão. 
Meu ombro sangra. E eu uso o corpo do meu chefe como um escudo humano. 
Confesso que não me senti mal com isso. 
Resolvi lutar. 
Ele fica parado enquanto eu o soco. Soco após soco, e ele não esboça dor, nem reação nenhuma. Filho da puta. Sim. Pendurei-me na arara de roupas e meu chefe e as roupas, caíram em cima dele. 
Eu o faço cair no chão e corro para fora. O banheiro. Esgotei meu creme no chão enquanto ele luta para se levantar. Peguei o álcool na lavanderia. Fiz fogo no chão com o álcool e meu isqueiro. 
E como minha casa é à prova de incêndios, água começa a sair dos esguichos no teto. 
A casa vira uma meleca. 
Ele leva um tombo ao longo do corredor. 
Tento usar o telefone, mas ele pensou antes de mim. 
Ele rasteja lentamente pelo corredor. Agora sim. Fodeu de verdade. Eu abro a janela e grito por socorro. Mas ninguém parece se importar. Meus gritos vão se enfraquecendo. E quando penso em outra estratégia... É tarde demais. Ele estava atrás de mim o tempo todo. Ele ficou me vendo gritar. 
E só olhou. O monstro me ergue pelo pescoço e prepara sua faca. E sorri. Um sorriso tão vazio quanto seu olhar. Um sorriso mal. Que sente prazer com minha dor. Graças à água e ao creme, a faca escorrega. O assassino resolve fazer o serviço sem a ajuda de acessórios. Ao meu lado vejo uma faca. Ainda bem que não vi depois dele. Eu tento alcançar a faca, mas não consigo. Minha visão se escurece. Eu vou desistindo. Me lembro do isqueiro. E da garrafa de vodka ao meu lado. Alcanço a garrafa. O isqueiro não pega, com a água que sai pelos esguichos. Meu dedo começa a sangrar. 
E aí sim, acho que acabou. Procuro o ar, mas não consigo. A vodka! Rapidamente abro a garrafa de vodka e despejo nos olhos dele. Ele grita. 
-Aaaaaahhh! 
Ele me solta e coloca as mãos nos olhos. Eu estou em choque. Como ele está concentrado na dor que sente, resolvo o empurrar para fora. Seu corpo atravessa a janela. 
Eu o matei. 
A polícia chega. E eu conto o que sei. Mas quando olho para fora... Seu corpo não está mais lá. O resto da minha equipe conseguiu uma testemunha, que deu um retrato falado do assassino. Sabemos quem ele é. E vamos atrás dele. Custe o que custar. 
Londres, dia 18 de dezembro de 2016. 13ª D.P. 
Ainda não acabou. Eu sei que não. 
-Parabéns, Bruce! 
-Obrigado, Edna. 
O pessoal da delegacia me fez uma festa. Mas eu ficava pensando no motivo dos assassinatos. Loucura? Talvez. Só sei que virão mais assassinatos para ele. E ele vem atrás de mim. Vou tirar umas férias. Sair daqui por um tempo. 
-Bruce! Bruce! Uma menina encontrou seu pai morto em casa, temos que investigar. 
Ele não esperou. Vou ter de deixar as férias para o mês que vem.


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Um comentário:

  1. Muito bom! A cada momento eu ficava desesperado junto com o personagem hahaha

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