FELIZ ANIVERSÁRIO.
O ser humano é capaz de muitas coisas; dentre elas estão matar, roubar e até torturar.
Há semanas um assassino vem me tirando o sono. Seus alvos são qualquer coisa que se movimente.
Semana passada ele abusou sexualmente e matou um menino de sete anos.
E seja ele quem for, sabe esconder evidências como ninguém.
Londres, 15 de dezembro de 2016. Casa do chefe de polícia Scott.
-Então você vem até aqui só para me dizer que não conseguiu nada?
-Eu e minha equipe fizemos o melhor que conseguimos. Analisamos cada milímetro de todas as cenas do crime dos três casos, e nada.
-Nenhum hábito do assassino?
-Sim.
-Pelo menos isso, e qual é esse hábito?
-Hábitos, na verdade; bom, são pessoas saudáveis, jovens, ele parece estar indo de idade em idade; Primeiro foi uma criança, depois um adolescente, depois um adulto de 21 anos.
-Qual seria a próxima faixa etária?
-Nós acreditamos ser de 25 a 28 anos.
-Mais alguma coisa, Bruce?
-Ah, me esqueci do mais importante, as pessoas que ele mata...
-Diga, detetive!
-Elas fazem aniversário no dia do assassinato. Logo quando saí da casa de Scott, a imprensa veio ao meu encontro. Desde aquele momento, eu sabia que estava inteiramente fodido.
-Senhor Addler! Senhor Addler! Qual a sua posição sobre o assassino?
-Senhor Addler! Vocês já descobriram alguma coisa?
-Não sabemos muito, mas sabemos que estamos lidando com um profissional.
- Eu disse. Estava tudo correndo bem, na medida do possível, mas eu só ouvi a voz de um homem, dizendo:
-E sobre seu aniversário ser no dia 17, daqui a dois dias?
Agora sim. Fodeu. Eu me recusei a responder a pergunta deste repórter. Saí disparado pra casa, e à noite pensei em uma estratégia, ou até em me conformar.
Londres, 16 de dezembro de 2016. 13ª D.P.
Tento, tento e tento outra vez. Mas nada. Nada de digitais, nem no abuso sexual da criança, nem uma gota de sêmen. Um monstro. A cada segundo que passa, o medo aumenta.
-Bruce, tem um telegrama pra você, deixei na gaveta da sua mesa.
-Ah, ok Edna, obrigado.
Eu abro a gaveta esperando alguma conta, até que... Feliz aniversário, detetive. Agora eu sei. Meus cabelos se arrepiam e eu congelo. Fico olhando para aquela carta como se fosse a última que iria ler. O pior é que tentei avisar sobre o que estava acontecendo comigo. Mas todos estão cagando pra isso. Londres, dia 17 de dezembro de 2016. Casa de Bruce Addler.
É o dia. Como de costume, Scott me deixou de folga. O implorei para trabalhar e expliquei a situação. Mas não. A noite chega. Tomo um banho pra esquecer. Começo a pensar no caso, por mais que eu tente deixar o assunto de lado. Quando passo o shampoo imagino coisas acontecendo. Até que quando removo o shampoo, vejo um vulto. Eu fiquei mais um tempo no chuveiro. Nunca senti tanto medo em minha vida. Pouco a pouco vou morrendo. Por dentro e por fora. No banho inteiro olhei para os lados incessantemente. Quando saí do banho, havia um bilhete escrito com sangue, dizendo: Olá, detetive. Bonita casa. Eu e ele estamos nos divertindo. Em breve o senhor se juntará a nós. Não quero te deixar curioso, então aqui vai meu nome:
JACK STRAVINSKY. Não demore. XOXOXOXOXO Ele?
Eu, por algum motivo, resolvo seguir normalmente. Vou para o quarto. E abro meu closet lentamente, olhando para os lados. Vejo o corpo de Scott, enforcado. Parece que não era só eu que fazia aniversário naquele mesmo dia. Meu corpo se recusa a executar qualquer movimento. Olho para trás com pupilas dilatadas e respiração ofegante. E então antes de me virar completamente, sinto algo entrar em meu ombro. Uma faca.
-Aaaaaahhh!
A dor é terrível. Eu caio no chão e vejo seu rosto.
Seria melhor morrer do que olhar aqueles olhos outra vez. Olhos negros. Frios. Como se ele não sentisse nada. Um chapéu panamá.
O rosto dele é mutilado, e um olho não possui pálpebras. Um macacão de carpinteiro sujo de sangue. Ele é um guarda-roupas.
Rapidamente me tranco no closet. Cada soco dele na porta do closet aumenta o ritmo de meus batimentos cardíacos. Ficar ali foi burrice.
Ele, com seus socos, abre um buraco na porta. Ele poderia abrir por dentro, mas continua socando. Sim, o bastão de baseball! Nunca agradeci tanto ao meu pai por tentar me colocar na escola de baseball. Os socos continuam, até que ele quebra a porta.
Após três golpes com o bastão, a madeira cede. Era uma vez um bastão.
Meu ombro sangra. E eu uso o corpo do meu chefe como um escudo humano.
Confesso que não me senti mal com isso.
Resolvi lutar.
Ele fica parado enquanto eu o soco. Soco após soco, e ele não esboça dor, nem reação nenhuma. Filho da puta. Sim. Pendurei-me na arara de roupas e meu chefe e as roupas, caíram em cima dele.
Eu o faço cair no chão e corro para fora. O banheiro. Esgotei meu creme no chão enquanto ele luta para se levantar. Peguei o álcool na lavanderia. Fiz fogo no chão com o álcool e meu isqueiro.
E como minha casa é à prova de incêndios, água começa a sair dos esguichos no teto.
A casa vira uma meleca.
Ele leva um tombo ao longo do corredor.
Tento usar o telefone, mas ele pensou antes de mim.
Ele rasteja lentamente pelo corredor. Agora sim. Fodeu de verdade. Eu abro a janela e grito por socorro. Mas ninguém parece se importar. Meus gritos vão se enfraquecendo. E quando penso em outra estratégia... É tarde demais. Ele estava atrás de mim o tempo todo. Ele ficou me vendo gritar.
E só olhou. O monstro me ergue pelo pescoço e prepara sua faca. E sorri. Um sorriso tão vazio quanto seu olhar. Um sorriso mal. Que sente prazer com minha dor. Graças à água e ao creme, a faca escorrega. O assassino resolve fazer o serviço sem a ajuda de acessórios. Ao meu lado vejo uma faca. Ainda bem que não vi depois dele. Eu tento alcançar a faca, mas não consigo. Minha visão se escurece. Eu vou desistindo. Me lembro do isqueiro. E da garrafa de vodka ao meu lado. Alcanço a garrafa. O isqueiro não pega, com a água que sai pelos esguichos. Meu dedo começa a sangrar.
E aí sim, acho que acabou. Procuro o ar, mas não consigo. A vodka! Rapidamente abro a garrafa de vodka e despejo nos olhos dele. Ele grita.
-Aaaaaahhh!
Ele me solta e coloca as mãos nos olhos. Eu estou em choque. Como ele está concentrado na dor que sente, resolvo o empurrar para fora. Seu corpo atravessa a janela.
Eu o matei.
A polícia chega. E eu conto o que sei. Mas quando olho para fora... Seu corpo não está mais lá. O resto da minha equipe conseguiu uma testemunha, que deu um retrato falado do assassino. Sabemos quem ele é. E vamos atrás dele. Custe o que custar.
Londres, dia 18 de dezembro de 2016. 13ª D.P.
Ainda não acabou. Eu sei que não.
-Parabéns, Bruce!
-Obrigado, Edna.
O pessoal da delegacia me fez uma festa. Mas eu ficava pensando no motivo dos assassinatos. Loucura? Talvez. Só sei que virão mais assassinatos para ele. E ele vem atrás de mim. Vou tirar umas férias. Sair daqui por um tempo.
-Bruce! Bruce! Uma menina encontrou seu pai morto em casa, temos que investigar.
Ele não esperou. Vou ter de deixar as férias para o mês que vem.
Muito bom! A cada momento eu ficava desesperado junto com o personagem hahaha
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