sábado, 15 de outubro de 2016

O Bardo #3 - Star Wars - The Force Steady capítulo 3

Capítulo 1 - Fugitivos
Capítulo 2 - O Fogo


Há muito tempo atrás, numa galáxia muito distante...

A República foi dissolvida. o maligno Império Galáctico se organiza em torno de seu novo líder, Palpatine, e de seu pupilo, Darth Vader, enquanto planeja a construção da nave mais poderosa da galáxia, a Star Destroyer. As forças imperiais implantam um novo exército de clones, ainda mais capacitado do que o primeiro, e iniciam a construção da arma mais destrutiva já feita, pretendendo capturar e destruir os membros da recém-formada Aliança Rebelde.

Agora unidos, um caçador de recompensas, um mercenário e um soldado do império escapam das forças inimigas, para se encontrar no planeta Nwython, onde fica uma pequena base rebelde.

Enquanto isso, nos confins da galáxia, uma sociedade de Jedi remanescentes procura desesperadamente pelo artefato que pode destruir os Sith definitivamente e restaurar a liberdade na galáxia.
The Force Steady – Capítulo III – O Tirano
 
Correndo pelo meio da floresta, Hunk, Ronen e John Walker tropeçavam a cada duas passadas. As folhas mais baixas das palmeiras roçavam em seus rostos, a ponto de sair sangue. Mas não importavam as feridas da vegetação, pois havia uma nave perseguindo eles, e atirando. De vez em quando, nos vãos que se abriam ocasionalmente entre as folhas mais altas das árvores. Era parecido com uma TIE Fighter, com asas muito mais longas e artilharia pesada. Fazia movimentos giratórios, passando quase no meio das árvores, pois voava relativamente baixo.
O que eles imaginaram, na verdade, não foi uma nave. Fugiam como se fosse um espírito da morte voando sobre suas cabeças.
Um dos tiros acertou um tronco à sua frente, derrubando-o e quase atingindo Hunk. Quando a palmeira caiu no chão, o impacto lançou os três para frente, jogando-os numa depressão entre duas raízes. Por nenhum motivo aparente, a nave deu a volta, dando tempo para que pudessem se esconder melhor ou planejar um meio de fugir. John Walker saltou da depressão, empunhou o blaster, e no momento em que a nave reapareceu, e todos começaram a correr, ele atirou. De todos os tiros, um conseguiu danificar um pedaço da asa. Quase no mesmo instante, Hunk gritou:
– Parem! Seus retardados, é exatamente isso que eles querem!
– É exatamente isso que eu pensei, tirar uma soneca no meio do tiroteio. – Ronen, irônico, respondeu.

Ninguém parou de correr. O flametrooper, na sua voz grave e abafada pelo capacete, insistiu.

– Estamos indo na direção dos tiros. Se vocês entendessem um mínimo de estratégia militar, perceberiam que o piloto está atirando à nossa frente, aumentando a chance de...

Confirmando a fala de Hunk, um tiro acertou a perna de Ronen, exatamente na fenda da armadura mandaloriana, e o mesmo caiu no chão urrando de dor. Todos pararam de correr ao mesmo tempo.

A nave fez a volta novamente, acompanhando a velocidade dos fugitivos. Hunk e Walker ajudaram Ronen a se apoiar em seus ombros. Foi nesse momento que ele viu o arpéu no coldre de Walker. E teve a ideia. 



***


– Walker! O arpéu!
– O que tem?
– Não comece com isso... 
– ARGH, Só fale...
– Ele tem cabo de aço anothiano, certo? Hunk, o seu lança-chamas tem gerador de ultracampo estático?
Hunk, respondendo a pergunta:

– Nem pense em tocar nele. O último que fez isso, teve a cabeça jogada ao Sarlacc de Carkoon e o corpo ao dragão Krayt em Tatooine!
– Au. Pesado. Mas não sou eu que vou tocar. É você. Walker, escale a árvore e lance o arpão do outro lado. 
– Por que não vai você? É um alvo mais fácil!
– Faça isso.
– Você acha mesmo que uma nave daquele tamanho vai cair numa armadilha em baixa altitude?
– Confie em mim. Você vai ser uma isca eficaz.

Bufando, o rebelde mercenário escalou a palmeira, com o arpéu em punho. 

A nave estava se aproximando velozmente. Ronen se apressou em dar as instruções a Hunk.

– Agora, inverta a polaridade do gerador de ultracampo, e desligue o tanque de combustível, colocando a trava no lugar dos circuitos do gatilho.
– Mas se eu fizer isso, o lança-chamas pode ficar... – Um lampejo repentino de inspiração tomou sua mente
– Acho que te entendi.

Hunk fez o que Ronen havia pedido. E sem esperar por mais instruções, foi até a base da palmeira que Walker havia escalado. Ele conseguira chegar até o topo das folhas, e estava bem exposto à mira da nave, que havia chegado a 50 metros deles. E Hunk:

– Atire quando ele estiver o mais próximo possível de você.
– E eu que me vire certo? Se eu cair ou for atingido, não importa pra vocês?

A nave estava em cima de Hunk. Walker acionou o arpéu no momento certo, numa distância segura da nave. O cabo atravessou o espaço entre as duas palmeiras, atingindo a outra e formando uma ponte entre as copas das árvores. Simultaneamente, Ronen fez um esforço para ligar o seu jetpack. Voou até Hunk, segurando-o pelos braços e levando-o perto do cabo. Hunk apertou o gatilho do lança-chamas. Um tiro atingiu  Walker, derrubando da palmeira onde estava. A nave fez o movimento giratório, sem perceber o cabo à sua frente. Assim que puxou o gatilho, o lança-chamas explodiu em descargas elétricas, que iluminaram a floresta, chamuscaram folhas, quase acertaram John Walker que caía, chegaram ao cabo estendido entre as palmeiras, e...
Assim que a nave passou pelo cabo eletrificado, teve a asa esquerda cortada com precisão.  
Estava completamente tomada por raios roxos, que impediam que a nave voasse. Esta foi girando por mais alguns metros, e caiu no meio de umas árvores ao longe. 
Ronen, já com muita dor no joelho, largou Hunk no chão forrado de folhas, e caiu.

– Jetpack de quinta categoria, falha no pior momento. Aaaaai!

Autoavaliaram-se. Ronen estava com o joelho em carne viva, quando retirou a placa da armadura que cobria o ferimento. John Walker, quando caiu da árvore, mesmo tendo sido amortecido por várias camadas de folhas, quebrou o tornozelo na queda. Nenhum dos dois podia andar direito.
Hunk não estava ferido. Aliás, teria condições de carregar os dois incapacitados, mas eles tiveram receio e também um certo orgulho de pedir ajuda. Ficaram um bom tempo ali, analisando as marcas do combate. Walker pegou um cilindro da jaqueta, com um líquido levemente azulado, parecendo uma seringa. Cravou na articulação do pé, fazendo uma careta de desgosto. Jogou o cilindro para Ronen.

– O que é isso? –Indagou o mandaloriano.
– Um injetor de bacta. Se você usar mais do que duas gotas, eu cravo ele na sua garganta. – Alertou Walker.
– Uh, bem útil. Nem sabia que existia.

De repente, uma explosão ao longe. Era a nave que eles haviam derrubado. Ignoraram, com um ar de satisfação implícito no silêncio. Hunk já estava impaciente.

– Você querem ou não sair desse planeta? Eu sei onde ficam algumas naves imperiais nesse planeta, posso destravá-las com meu capacete.
Ronen, incorporando a pressa do flametrooper, completou:
– Então vamos logo... Ah, espere... Vai ser meio difícil levantar daqui. Que tal se dormirmos até a estrela se pôr, e depois saímos?
– Você só pensa em dormir? Onde posso encontrar um caçador de recompensas mais inútil que esse?
– Vocês ainda estariam fugindo da nave se não fosse pelo caçador de recompensas inútil.

Hunk interrompeu a discussão tentando levantar Ronen. Pediu-o para que se apoiasse em seu ombro. Fez o mesmo com John Walker, mas este se desvencilhou e se debateu um pouco, pois não aceitava a ajuda. Pegou um galho do chão e foi seguindo, tropeçando, olhando desgostoso para o soldado durante todo o trajeto. Conseguiram se ajeitar, e estavam andando! Em pouco tempo a bacta estaria fazendo efeito em seus machucados.





***


Lentamente, foram saindo da floresta de palmeiras, fazendo a volta e tomando muito cuidado para não voltar à cidadela repleta de clones. Uma ou duas vezes tiveram que se esconder de soldados que passavam não muito longe deles, vasculhando. Uma vez, em especial, esconderam-se de um speeder bike, mas conseguiram sair finalmente, são e salvos, da maldita floresta. Depois de ter feito uma grande volta, chegaram a uma parte de deserto com várias plantas estranhas, pedregulhos que despontavam do meio da areia e um entreposto imperial razoavelmente pequeno. Ao lado desse entreposto viram uma cantina, vários casebres dispostos lado a lado, e duas lojas de sucata disputando os clientes. Não tinha quase nenhum movimento, e quando chegaram ao pórtico de entrada do entreposto, só puderam ver seis clones (aqueles protótipos, stromtroopers), e um Shuttle. Estavam discutindo qualquer coisa, possivelmente os preparatórios para ir embora daquele planeta. Mas eles não se importaram, só precisavam roubar a nave antes que ela fosse embora. Sem que os clones os vissem, começaram a planejar o roubo.Hunk tomou iniciativa:

– Certo, eu posso ir lá, distrair os soldados, destravar a nave com meu capacete, enquanto vocês entram nela.
– Você confia na gente? Sério? Eu não confiaria – Walker, zombando da ingenuidade do flametrooper.
– Caso você não saiba, eu posso travar a nave a qualquer hora, até mesmo em pleno voo.
– Vamos logo colocar esse plano em prática? Não vejo a hora de estar naquela nave e dormindo em paz. – Disse Ronen, apressado.

Hunk foi na frente, em direção aos seis stormtroopers.

– Ei, vocês. O Comandante pediu para que fossem até a floresta, suspeitam que os fugitivos estejam lá ainda e precisam de reforços.
Em resposta, um dos stormtroopers indagou:
– E quem é você para nos dar ordens? Só obedecemos ao comandante em pessoa.
– Nesse caso, finjam que eu sou o comandante aqui, porque tenho a arma maior e a armadura mais eficiente. Entendido, soldados?
Um outro soldado fez um leve movimento para trás, como que recuando.
– Três de nós vamos, os outros precisam fazer os últimos reparos no Lambda número 17.

Então saíram três dos soldados, e os restantes permaneceram na mesma posição, encarando o flametrooper. Assim que os soldados enganados passaram pelo pórtico, Ronen e Walker entraram correndo, com as armas engatilhadas, e mataram dois dos soldados imediatamente. O último sobrou para Hunk, que em quatro ou cinco golpes, estrangulamentos e chutes, nocauteou-o. Correram todos para a nave, e Hunk, quando foi destravá-la, escutou um chiado no capacete.

– Esperem! Meu... Meu capacete. Não consigo acessá-lo.
– Algo me diz que foi o tiro de Walker que te acertou... – Acusou Ronen.
– Ah não! Inconsequente, se você tivesse me ouvido antes de apertar o gatilho do seu maldito blaster sucateado, já estaríamos voando.
– Primeiro, o meu blaster é novo! Segundo, você ateou fogo em nós, e não queria levar aquele tiro? O que você pensa que é?

Os dois se encararam, seus rostos estavam a poucos centímetros e as mãos nos blasters, de prontidão.
Quem interrompeu o possível massacre foi Ronen, como sempre:

– Vocês são tão infantis! É só mexer no compartimento de máquinas e logo, logo, essa nave estará voando. Discutir a relação nesse momento só vai nos levar para uma prisão do Império.

John Walker e Hunk olharam para ele ainda mais furiosos.

– Não sei porque estou ajudando vocês... – Disse Hunk
– Você só está ajudando a matar a todos! – John Walker respondeu
– CHEGA! Me passem logo uma chave heptavada para abrir a porta desse shuttle!

Hunk tirou do cinto a ferramenta e jogou para Ronen, virando as costas para Walker. O outro fez um gesto obsceno quando ele se virou. No mesmo momento ouviu-se um barulho de metal, e a rampa da nave caiu na areia. Ronen, que já estava na porta do compartimento de máquinas da nave, olhou para eles sorrindo sarcasticamente, embora estivesse de capacete. Entraram correndo na nave bem no momento em que os três soldados voltavam, alertados pelos tiros.

– Rápido, tire essa joça do chão! – Gritou John Walker.

Eles entraram rápido na nave, espremeram-se no cockpit, e viram um aviso no painel principal.
Uma luz piscava em vermelho, juntamente com a frase:

"Violação de segurança. Autodestruição em: 10, 9..."

Pasmos, só tiveram tempo de olhar aquilo por alguns segundos, e sair correndo, atropelando uns aos outros. Quando desceram a rampa, se depararam com os 3 stormtrooper esperando por eles.

"7, 6..."

Sem pensar, Walker lançou o arpéu no pórtico, foi puxado no mesmo momento a grande velocidade, e aproveitou enquanto estava no ar, para derrubar um stormtrooper com as pernas. Ronen acionou o jetpack, falhando e caindo vária vezes  na areia, mas chegou ao pórtico em segundos. Hunk, sem a mesma sorte, apenas correu, com o braço à frente do corpo, atropelando os dois soldados que sobraram de pé. E correu como nunca, tentando alcançar um lugar seguro a tempo.

"3, 2..."

Ronen e Walker chegaram a uma distância segura, mas Hunk só pôde avistar uma pilha de caixas, saltar para trás delas, e aguardar...

"1, 0."

Primeiro, a onda de choque, que jogou todos para trás. Depois, o estrondo ensurdecedor da explosão. Logo após veio uma rajada de fogo e estilhaços de metal que voaram para todos os lados, por pouco não acertando Hunk. Este foi lançado pra longe junto com a pilha de caixas, mas não se feriu gravemente. Os soldados que tinham sido derrubados não estavam mais lá. Aliás, havia pedaços de armadura e membros de stormtroopers por todos os cantos, uma visão assustadora. Ronen e Walker estavam intactos, e foram ver se Hunk estava do mesmo jeito. Encontraram ele deitado no chão, vivo, porém desacordado. Walker deu um soco no capacete do flametrooper, com um sorriso no rosto.

– Vai com calma aí... – Advertiu Ronen.
– Desculpe, foi involuntário.

Hunk acordou em um espasmo, agarrando os dois pelo pescoço. Olhou bem para eles, recuperando a consciência, e os largou. Levantou-se devagar, examinou os ossos. Olhou ao redor, e disse apenas:

– Parece que não temos mais a nave.


 ***


Walker analisava o pescoço com cuidado, massageando-o. Ronen estava de armadura, então não sentia nada. Saíram do entreposto, que agora eram só ruínas, e se dirigiram para a cantina. Talvez lá pudessem achar alguém que os levasse para Nwython, ou de quem pudessem roubar uma nave. A visão típica de uma cantina foi o que viram. Dezenas de alienígenas estranhos, uma música animada tocando, o ambiente escuro e empoeirado, imundo, como sempre. Quando entraram, a música silenciou, todos olharam para os estranhos visitantes. Ronen se adiantou.

– Olá amigos!

Silêncio.

– Err... Queríamos uma nave

Permaneceram olhando em silêncio para o mandaloriano.

– Ok... – Ronen, desapontado, ficou encarando os alienígenas com desgosto estampado na face.

Pegou o blaster, apontou pra cima e atirou. Um burburinho tomou conta do lugar, alguns fugindo e derrubando mesas, outros apontando armas, socos, até que o silêncio voltou e todos tornaram a olhar novamente para Ronen. Um sujeito estranho, isolado em um canto do bar, chamou eles, susurrando, apesar de o silêncio permitir ouvi-lo.

– Eu tenho uma nave.

A música voltou a tocar, e o bar era um bar normal de novo. O sujeito estranho, com um sorriso sarcástico no rosto, começou a falar.

– Hehehe, a minha nave está a alguns quilômetros daqui, não vou revelar o lugar. Mas posso fazer uma proposta para vocês em troca de carona a qualquer planeta que quiserem.
– O que você quer em troca então?
– Eu iria pedir 300000 unidades, mas percebo que vocês estão meio decadentes. Então pedirei algo mais... Simbólico.
– Puxa, obrigado pelo elogio. O que seria esse algo simbólico? – Perguntou Ronen
– A cabeça de Raz Tiranus.
– Quem é esse? Onde podemos encontrá-lo? – Perguntou Walker
– É um idiota mercenário, que contrabandeia espécies exóticas. Eu odeio ele e quero sua cabeça. Mas vocês vão precisar achá-lo. Só tenho certeza de que está nesse planeta, possivelmente do outro lado do deserto.

Sem esperar, Hunk saiu pela porta, tirando o blaster E-11 da cintura.

– Ele é impulsivo assim mesmo. – Explicou Ronen. John Walker completou:
– Ele é ignorante assim mesmo.
– Obrigado, ...
– Ah, pode me chamar de Sess, hehe.
– Traremos a cabeça antes do pôr do sol, Sess. – Avisou Ronen

E assim os dois saíram, apressados, para alcançar Hunk.

Sess ficou observando eles saírem pela porta da cantina, e ironizou:

– Com certeza, trarão a cabeça... Se tiverem sorte, claro.

O rosto de Sess se desfez, literalmente. Sua pele "virou do avesso", revelando o rosto cinzento e cheio de cicatrizes vermelhas de um transmorfo.
Chamou um outro sujeito, que estava um pouco distante daquela mesa, com sua voz áspera e maligna, e fez um gesto para sentar.

– Quer que os siga mestre?
– Já descobrimos quem são. Babacas arruaceiros, não vão chegar muito longe. Mas estão com o cristal. Assim que pegarem a cabeça de Raz, você rouba ela junto com o cilindro e os mata. Melhor: Pegue o cristal, a cabeça de Raz, e as cabeças daqueles três, e traga tudo para mim. Não me decepcione, Kulyy.




***



Os três foram andando pelo deserto, por cerca de um quarto de ciclo solar, e chegaram a outro vilarejo, aparentemente no extremo oposto da floresta em relação ao primeiro. Era com certeza menor, e absolutamente mais pobre. Tudo que podiam ver eram algumas tendas de farrapos, dewbacks disputando a água num cocho pequeno, e uma estrada ao longe. Se destacavam também uma barraca de frutas estranhas se deteriorando sob o sol constante.
A única viva alma que se via em todo aquele vilarejo, se é que se podia chamar assim, era, atrás das barracas, uma velha vendedora. Ronen se aproximou.

– Com licença, senhora... – Mas John Walker o interrompeu, saltou por cima das frutas, ficou em frente à mulher e agarrou-a, sacudindo-a, em tom de interrogatório.

– Certo... Era isso que eu ia fazer. Você nem esperou.
– Onde podemos achar Raz Tiranus? Diga agora, vovó!
– Oh, pelos céus! Eu não sei, não sei.

Walker sacudia ela mais ainda, derrubando as frutas da barraca.

– Um contrabandista mercenário, que trafica espécies exóticas, onde ele fica?? RESPONDA!

A mulher, aterrorizada, ficou olhando para seu agressor e em seguida um lampejo de entendimento inundou seu rosto.

– Ahh, Raz Tiranus? – Ela disse, com voz fraca e trêmula. – Conheço Raz desde que era pequeno, corria por essas barracas, e atravessava o deserto, e brincava na floresta. Era tão querido!
– Onde ele está, mulher? Está me ouvindo? QUERO SABER ONDE ELE ESTÁ AGORA!!!
– Ahh, ah, claro, não me machuque, por favor. Ele deve estar lutando, lá.
E apontou para longe, através do deserto, para uma aglomeração de luzes
– Lá longe, depois daquelas dunas.

E Walker virou as costas para a idosa, pulou a barraca, com expressão dura e determinada.
Ronen e Hunk estavam olhando para ele, com os braços cruzados. Estavam de capacete os dois, mas Walker podia quase ver sua expressão de desgosto, tanto que disse:

– O que foi? É assim que se extraem informações importantes. – E saiu andando em direção às dunas.

A estrela daquele planeta já desabava no horizonte, iluminando o céu de roxo. As luzes apareciam mais evidentes. Quando chegaram nas dunas, viram que ali o deserto acabava e começava uma savana, com uma grande cidade, tecnológica e bem urbanizada. As luzes que puderam ver de longe vinham principalmente de uma arena de pedra ali perto. Lembraram da indicação da vendedora de frutas "ele deve estar lutando", e se dirigiram para lá. Entraram escondidos no estádio. Era gigante, deveriam caber ali umas duzentas mil pessoas. Maior ainda do que a arquibancada, era a arena, de areia, na qual puderam ver um guerreiro, de jaqueta marrom e camisa preta por baixo, com um sabre de luz de lâmina achatada cor índigo, lutando com uma espécie de Rancor três vezes maior que o normal. Com extrema agilidade, o guerreiro escalou pelos braços da criatura, chegando à cabeça. A fera tentou golpeá-lo com seus grande braços, uma das garras acertou a perna do guerreiro, mas esse usou o sabre e cortou os dois membros rapidamente. A criatura urrou, a plateia gritou, torcendo ainda mais pelo guerreiro. Ele se equilibrou na cabeça do Rancor, agarrando-se firme. A tarde caía rapidamente, o céu roxo, depois vermelho. Ergueu o sabre, e cravou de uma só vez na testa da fera, que tombou e levou o estádio inteiro à loucura. Caindo no chão, o abatedor de Rancores gigantes ergueu os braços para a plateia, em um gesto de vitória. Ele saiu pela porta do corredor de saída, desligando o sabre. Logo em seguida entrou outro guerreiro na arena, recebido aos aplausos. Na saída do estádio, num corredor escuro, o guerreiro exausto pretendia ir embora, mas encontrou um mandaloriano, sua longa sombra se estendendo até seus pés. O caçador de recompensas usava uma típica armadura, preta, e vermelha no visor. Ao seu lado, surgiram um soldado imperial estranho, com um lança-chamas, e um rebelde mercenário. O mandaloriano se adiantou, e perguntou.

– Você que é Raz Tiranus? – E ligou o seu sabre vermelho.

Walker susurrou para Hunk:

– Você sabia que ele tinha um sabre?
– Conheci você hoje! Como poderia saber?

Raz Tiranus ignorou os dois e respondeu à pergunta de Ronen

– Eu costumava ser. Mas pode me chamar apenas de Raz. – Deu um sorriso maléfico, pegou seu sabre de lâmina achatada e o ligou. O corredor ficou iluminado apenas pela luz vermelha do sabre de Ronen e o de Raz, pois a luz do entardecer não entrava ali. Walker pegou uma machete do cinto, e começou a afiá-la, sem tirar os olhos do seu alvo. – O que querem?

E Hunk, empunhando o lança-chamas:

– Sua cabeça.




CONTINUA NA SEMANA QUE VEM





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