terça-feira, 11 de outubro de 2016

O Herege #5 - A verdadeira função humana / O placebismo

A verdadeira função humana / Placebismo


Sinto saudade do tempo em que as coisas faziam sentido, mas quando paro pra pensar, parece que elas nunca fizeram. Sério mesmo: sempre houveram de brigas de cerca até conflitos internacionais; de roubo de chinelo até roubo de altas quantias públicas. Então, me pergunto sobre essa atual crise.
Nós já passamos por isso. Não uma ou duas, mas várias vezes. Sobrevivemos a elas (ou nossos pais/avós). Problemas não são, em sua maioria, uma novidade. Eles são resultados daquilo que fazemos ou deixamos de realizar.
Mas, voltando ao assunto em pauta, existem coisas realmente sem pé nem cabeça. E por que não dizer todas? As coisas fazem sentido pras pessoas que para elas atribuem um significado. É como se fosse aquelas indiretas que só você e seu melhor amigo sabem. E elas passam a ser de domínio público se você não mantê-la em segredo. Foi assim que demos funcionalidades a objetos. Um exemplo disso: se alguém não soubesse o que é uma guitarra, poderia confundi-la com uma arma. Curiosamente o oposto não acontece.
Tudo no mundo é o que é porque foi criado para ser isso. Uma faca foi feita para cortar. Isso não quer dizer que ela não possa quebrar galho apertando parafusos. Ela também serve para isso, não tão bem quanto uma chave, mas funciona. A respeito disso, me pergunto qual a verdadeira função do homem. Okay, ele serve para operar equipamentos, mas as máquinas o fazem melhor. Constrói as máquinas; mas essas são capazes de fazer novas máquinas. O ponto em questão é que cada vez mais parece que criamos coisas com o fim de nos substituir. Para o homem, a única função verdadeira seria o nosso ciclo vital, pelo menos por enquanto. Chegará um momento em que o homem irá afetar isso: seu nascimento se dará de forma acelerada, assim como seu crescimento. Sua reprodução será completamente manipulada pela ciência e ele tentará eternamente driblar a morte, acabando com o equilíbrio da vida.




Douglas Adams cita, em sua obra intitulada “A agência de investigações holísticas Dirk Gently”, a criação do que chama de monge eletrônico, um aparelho com a função de acreditar nas coisas por nós. Claro que isso não existe, mas mais uma vez é levantado um ponto para discussão: o que deve ser substituído por outros aparelhos e o que deve ser preservado; tudo deve ser otimizado? 
Nós criamos tudo o que achamos necessário. Na maioria das vezes, julgamos coisas extremamente bobas e supérfluas como se tivessem uma real importância. Creio que essa seja a real função do homem: buscar uma explicação pra tudo e para todos. Muitos acreditam que nós só vamos viver de verdade se soubermos explicar tudo sobre aquilo que nos convém. Na Grécia, contavam-se histórias explicando catástrofes e criação de animais/objetos. No Egito, mostravam as causas para pragas, maldições e coisas as quais julgavam importantes (como a mumificação). Atualmente, o que vem sido julgado como criação para explicar fenômenos seria a própria criação de Deus.
Contrapondo a questão de que tudo deve ser entendido, eu acredito que existem coisas que nós não conseguiremos decifrar ou compreender. Tomamos Coca-Cola sem compreender sua fórmula. Comemos chiclete mesmo que todos dizem que ele é feito de língua de vaca. Muitas coisas devem apenas ser aceitas ao invés de interpretadas. Para isso, chego na definição do Placebismo.


Um placebo é algo com a finalidade de substituir um medicamento, sendo que ele não possui efeito nenhum. É o mesmo que trocar um xarope por água sem que a pessoa saiba e isso continue melhorando (ou achando que melhora). A religião placebo tem um efeito semelhante. É quando você acaba crendo por crer, pra “não ficar fora da rodinha”. A realidade é que, hoje em dia, muitas pessoas só creem em algo porque isso foi imposto a elas. Se sua criação fosse livre, ele não acreditaria nisso, ou se fosse em alguma outra cultura ela levaria aquilo como certo. Nisso também se vem a ideia de funcionalidade para as coisas. Novamente citando Douglas Adams em seu texto “Existe um Deus artificial?”, diz-se que o dinheiro é uma forma de Deus artificial, pois é algo que, a princípio, não teria poder nenhum, apenas o que depositamos nele. O problema é que as pessoas depositam sua fé e o poder em diversas coisas e no fim “tudo se torna sagrado”. Seria mais fácil chegar no ponto de crer ou não crer, sem querer justificar. Existirão mil argumentos para cada lado, cada um baseado na sua concepção de realidade (visto que, para alguns, a realidade é composta por aquilo que acreditamos ser verdade).




Você pode acessar o blog oficial do autor, clicando aqui. Recomendamos! Semana que vem retomaremos o assunto placebismo, para os hereges de plantão.








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