segunda-feira, 3 de outubro de 2016

PRINCIPAL - A Evolução dos quadrinhos

A Evolução das histórias em quadrinhos




As HQs, ou banda desenhada, são consideradas por muitos como a nona arte. O universo dessas revistas que unem cor e palavra, elementos das artes plásticas e literatura, é tão extenso e tem uma história tão complexa que merecia ser abordado na nossa matéria principal. Veremos a seguir o que torna essa arte algo tão interessante no dia-a-dia, e que tem nos influenciado desde o seu surgimento no século 19.

Vejamos, antes de começar, a definição de HQ:

"É uma forma de arte que conjuga texto e imagens com o objetivo de narrar histórias dos mais variados gêneros e estilos."

"É o jeito de narrar por meio de sequências de desenhos."


"Estão associadas à narração, apresentando texto e imagem que estabelecem uma ideia de complementaridade."

"As histórias em quadrinhos constituem um meio de comunicação de massa que agrega dois códigos distintos para transmitir uma mensagem: o linguístico (texto) e o pictórico (imagem)." - Waldomiro Vergueiro, USP.

"O arranjo de fotos ou imagens e palavras para narrar uma história ou dramatizar uma ideia."
Will Eisner, desenhista que nomeou o Eisner Awards, espécie de "Oscar dos quadrinhos", definiu as HQs como arte sequencial, pois elas contam histórias pelo sistema de sequência de imagens e texto, com uma certa coerência.

Podemos, com isso, concluir que os quadrinhos são a arte contada de maneira cinemática, unindo cor, de forma a criar figuras bem definidas e identificáveis, e palavras, que contam a história e os diálogos. Não é preciso dizer que desde que surgiu esse modelo artístico foi um sucesso, muito atrativo tanto para quem não tinha tempo ou paciência para ler um livro ou não tinha disposição para ir a uma galeria de arte, quanto para quem se sentiu tentado a experimentar um novo modo de expressão artística. 

Origem 


Na verdade, não foi tanta a novidade quando surgiu a primeira revista em quadrinhos, ou mesmo a primeira tirinha impressa em jornal. O ser, desde seus primórdios, já contava histórias e se expressava dessa forma que citamos anteriormente. Um bom exemplo são as pinturas rupestres, que eram desenhos em paredes de cavernas, que repetidos, contavam a história de uma caça bem-sucedida, uma tempestade que colocou fogo na árvore grande, e etc. Os próprios desenhos que retratam a via sacra em igrejas góticas da Idade Média, podem ser considerados arte sequencial, com a exceção de que não apresentam, em sua maioria, texto. 



Depois disso, ainda surgiram trabalhos de artistas como Georges Colomb e Angelo Agostini. Estes uniam imagem e texto, mais ainda não tinham alguns dos elementos que caracterizam uma HQ hoje em dia. 

Porém, considera-se o marco zero da banda desenhada, a obra do artista Richard Outcault, que em 1895 criou a história The Yellow Kid, a primeira a usar balões com as falas dos personagens. Foi um fenômeno pop muito disputado na época.  



As histórias do Garoto Amarelo eram publicadas em jornais Nova-iorquinos na época, e muitos periódicos entraram em guerra (no sentido figurado) para publicá-lo em suas páginas.

O Brasil também foi um importante mercado de quadrinhos, e vamos falar dele mais adiante. 

Acontece que com o sucesso repentino e de dimensões inimagináveis de Yellow Kid levou a criação de histórias bem mais fantasiosas. Assim surgiram as histórias de heróis uniformizados, primeiramente com Lee Falk, e o Fantasma, em 1936.


Ainda assim, o primeiro super-herói, aquele que, além do uniforme e da lealdade para com a justiça, também tem poderes sobre-humanos, só surgiu em 1938, com, adivinhe...



Isso mesmo! Superman, em Action Comics nº 1, surgiu para cunhar o termo super-herói, estreando uma era que dura até hoje. Você pode ler essa edição clicando aqui

Os super-heróis nas HQs


A criação de quadrinhos de super-heróis gerou um sucesso estrondoso na sociedade da época, e as histórias demonstravam apenas um mundo de perfeição e heróis sorridentes, coisa que foi mudando conforme o passar dos anos.
Um ano depois de Action Comics, a editora Timely estreou com a revista Marvel Comics, que anos mais tarde se tornaria a famosa Marvel.
A mesma foi pioneira ao criar a ideia de heróis imperfeito, quando surgiu o supergurpo Quarteto Fantástico. Ainda, mais tarde, surgiria o Homem-Aranha, um nerd impopular na escola, que combatia o crime nas ruas de Nova York. 
Foi nessa época, os anos 60, que quadrinistas como Jack Kirby e Neal Adams foram nomes de peso, trazendo historias épicas e clássicas que até hoje são muito bem lembradas.

A clássica batalha entre Superman e Muhammad Ali. Ali venceu, só para constar

Os anos 70 foi uma das demonstrações de que o universo dos quadrinhos estava para mudar, com quadrinhos como Arqueiro Verde e Lanterna Verde abordando assuntos como drogas. Claro, não é algo tão impressionante nos dias de hoje e é algo um tanto quanto tosco, quase sendo uma propaganda dizendo “Xô Drogas!”, mas na época foi algo surpreendente pois quadrinhos eram apenas um mundo de sorrisos e nada mais. Foi em “A noite que Gwen Stacy morreu” que os quadrinhos passaram a realmente ficarem mais pesados, poucos podiam acreditar que uma personagem tão querida iria morrer nas mãos do vilão, isso era apenas o começo de uma nova era de ideias e conceitos. 



Pelos anos 80 o conceito de uma abordagem mais pesada aos quadrinhos foi aceito por completo onde historias como Watchmen, Heróis Da TV, Crise nas infinitas terras abordavam temas adultos e extremamente complexos.




E os anos 90 foi provavelmente o tempo mais contraditório de todos, onde era colocado que todo herói tinha de ser musculoso e armado até os dentes (ate o Superman passou por isso). Não só isso, mas na época mudar os personagens era algo normal, como Batman virando um maluco assassino, Mulher Maravilha passando a usar jaqueta e os heróis da Marvel sofrendo nas mãos de péssimos artistas que traziam visuais horrendos e considerados de mau gosto na época. 




HQ’s como Cable, Spawn e Máskara (SIM!) possuíam uma violência absurda e uma demonstração de uma sociedade porca e suja.
Contudo, os anos 90 também nos proporcionaram histórias ótimas como A Morte Do Superman, O Retorno do Cavaleiro Das Trevas, Desafio Infinito, Marvels, Preacher e o excelente Reino Do Amanhã. 



 Os anos 2000 trouxeram uma modernização muito bem aceita com artes significativamente melhores e traços bem definidos, e as histórias continuaram com seu tema mais pesado, como em Crise de Identidade onde o tema adulto e sombrio atingiu um novo patamar. Quadrinistas começaram a ganhar ainda mais fama e nomes como Greg Rucka, Mark Millar e Grant Morrison se tornaram ainda mais populares. Muitas reformulações aconteceram nesses universos de quadrinhos, pois roteiristas já não se contentavam com as origens dos super-heróis.




Até hoje os super-heróis de quadrinhos estão em alta, mas têm mais aceitação nas telas de cinema. Recentemente, sagas como X-Men: Apocalipse, Guerra Civil e os conflitos ideológicos entre Batman e Superman foram adaptados para o cinema, tendo uma arrecadação considerável. Mais e mais filmes estão vindo por aí mostrando a importância e a influência das HQs na cultura e na nossa sociedade. 


HQs de outros gêneros

Mas não é só de super-heróis que vivem os quadrinhos. Vamos voltar um pouco no tempo para falar de clássicos dessa "literatura imagética" depois do surgimento de Yellow Kid. 

Tarzan








Tarzan surgiu num livro, de Edgar Rice Burroughs, antes de virar filme animado da Disney. Também antes disso, Tarzan fez sucesso nos quadrinhos, em 1929. 

Mickey


O camundongo símbolo da Disney estreou antes na animação. Ele só fez sua aparição nas HQs em 1930, e levou junto com ele todos os personagens clássicos desse universo.


The Spirit 

Mais uma de Eisner. Essa obra, revolucionária até hoje, é considerada a melhor história em quadrinhos da história, comparada ao que Cidadão Kane é para o cinema.




Maus

Maus é uma HQ histórica de Art Spiegelman, que narra o sofrimento dos judeus durante o domínio nazista. O curioso aqui é que os nazistas são retratados como gatos, enquanto os judeus como ratos. Outros povos também foram retratados no romance como diferentes animais, de acordo com as características que Spiegelman atribuía a eles.



E no Brasil

O Brasil é, desde o surgimento das primeiras manifestações que indicavam a banda desenhada, uma referência quando o assunto é quadrinhos. Nós tivemos um indício, em 1869, bem antes do lançamento de Yellow Kid, do que viria a ser essa arte. As Aventuras de Nhô Quim, de Angelo Agostini, já citado, foi lançado em 30 de janeiro daquele ano. Por isso, hoje essa data é considerada Dia do Quadrinho Nacional. 





Em 1905, ainda, surgiu O Tico-Tico, um gibi infantil que reunia astros internacionais e nacionais, como Suzette, e o Mickey, que apareceu depois dos anos 30.

Um outro marco da nossa "indústria de quadrinhos" foi, em 1959, a vinda de Bidu e Franjinha, e no ano seguinte, da Turma da Mônica. O repórter Maurício de Sousa, que se inspirou nele mesmo e em seu cão de estimação, criou um império de HQs no Brasil, que é hoje um dos nossos símbolos.


HQs atualmente



E hoje em dia? Como os Quadrinhos estão? Atualmente praticamente todas suas editoras remontaram seus universos trazendo boa parte de suas histórias ao volume zero mais uma vez. Na DC esses novos títulos estão sob o nome de “Rebirth” e na Marvel sob o nome de “All New All Diferent”.



E apesar de estarmos comentando mais sobre essas duas não pense que não existem outras, HQ’s como Hellboy, Spawn, Lúcifer, The Walking Dead e Manowar são de diversas outras editoras que você talvez nem tenha ouvido falar, e vale a pena dar uma olhada.


      

Mas agora, depois de tudo isso, entra a questão que não quer calar, qual a utilidade da arte sequencial? O que isso influencia na nossa vida? Bem, primeiramente saiba que nem tudo tem o objetivo de trazer alguma utilidade. Ás vezes pode ser simplesmente um meio de se passar o tempo. Porém quadrinhos vão além disso, porque heróis como o Batman, Superman, Capitão América são mais que heróis, eles são figuras que representam ideais e nos inspiram a fazer o melhor. Quadrinhos como Guerra Civil e Grandes Astros Superman nos fazem questionar coisas que nunca questionamos antes, levantam ideias, nos fazem pensar e refletir sobre nossas ações. É difícil imaginar a sociedade atual sem a nona arte, pois esta teve uma influência enorme, que refletiu até hoje. Por isso toda criança precisa de um Homem Aranha ou um Homem De Ferro em sua vida, pois elas necessitam de algo que as faça querer ser mais, algo que as faça querer ir além. É comum ter preconceito com HQs hoje em dia, assim como houve na época em que a mesma surgiu. Mas não custa tirar alguns minutos da rotina para folhear as páginas coloridas de uma revista em quadrinhos, seja ela qual for. Surpreenda-se com o mundo de oportunidades que vai se abrir para você.






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