segunda-feira, 21 de novembro de 2016

O Herege #7 - O Efeito Telefone Sem Fio



Telefone sem fio


Esses dias estava pensando em um assunto que seria realmente bem ofensivo para alguns. Mas se pararmos para pensar, é tão ofensivamente provável, que você percebe que às vezes a verdade pode parecer ofensiva. Não que o que eu vou falar agora seja verdade, eu não tenho provas e nem mesmo possíveis evidências da minha teoria. Mas eu mesmo acredito nela pelo simples fato de que é ofensivo. É... se a verdade dói, e aceitar dói menos, não quero dizer nada, mas...

A conversa é sobre a Bíblia. Aliás, sobre qualquer história contada em um livro, e que as pessoas acreditem. Naquele mesmo dia em que estava pensando sobre o assunto ofensivo me veio à mente aquela brincadeira que muitos faziam na escola, do telefone sem fio. A professora vinha com uma mensagem como "Lêmures Libaneses almoçando ovo pochê". Se você conhece o jogo, sabe o resultado, se não, um breve resumo: Assim que fala isso para um colega, este vai passando a mensagem adiante, falando no ouvido do colega do lado, até voltar para a professora. Aí você já imaginou tudo. Tem aqueles que entendem a mensagem errado, e trocam uma palavrinha aqui, como "Lêmures chineses almoçando ovo pochê", aí vem outro enganado e troca mais uma palavrinha ali, e o estrago já está feito. Aí já chega um tal de "Fêmures de chineses quebrando-se no parquê" ao décimo coleguinha. "Raramente" existe aquele engraçadinho que muda toda a história e inventa um tal de "Os chineses têm ossos frágeis".



Pois é, uma excelente dinâmica de grupo para mostrar como as mensagens, quanto mais são transmitidas, mais se modificam. Então chego ao ponto que queria. Por que alguns de nós acreditam cegamente em tudo que a Bíblia e outras histórias dizem, sendo que elas podem ser uma mensagem mal interpretada. Tomo como primeiro exemplo a história da Cinderela. Você sabia que a primeira que ela foi contada, lááááá na Idade Média, os famosos sapatos da protagonista eram feitos de pele de esquilo? Só quando a história foi traduzida para o Francês, houve uma confusão de palavras parecidas (vair - pele de esquilo - com verre - vidro) e os sapatinhos já encareceram e viraram produto de luxo.



Meu segundo exemplo é o principal, aquele que é uma história muito mais antiga que a Cinderela, e que já passou por muitas traduções diferentes. É a Bíblia, que surgiu entre os judeus no Oriente Médio, arrisco eu uns 5000 anos atrás, foi ganhando livros adicionais, e, teorizo eu, teve partes cortadas e adicionadas pelos padres da Idade das Trevas. Além disso, passou pelo aramaico, hebreu, grego, e não duvido, latim, foi para o alemão e depois para o inglês, do qual se espalhou por centenas de idiomas. O primeiro problema disso é aquele dos erros que mencionei ao explicar o telefone sem fio. Se naquela época era muito difícil traduzir textos desse tamanho, afinal o ensino de idiomas não era um forte, imagine que as línguas do mundo não têm traduções absolutas. Além de algumas palavras terem diferentes significados em outras línguas, outras poderiam não existir no idioma que se pretendia transcrever as Escrituras Sagradas.

O segundo problema de transmitir a Bíblia é talvez a parte mais ofensiva da minha teoria. Também a menos provável, mas nunca impossível. Agora imagine se alguns daqueles "zueiros" do telefone sem fio existisse na história. Talvez um padre da Inquisição, ou um tradutor descontente, ou pense no que quiser, fizesse a sacanagem de, só por "zueira" mudar a Bíblia inteira, inventar personagens e falas que nunca existiram, e depois passar isso pro mundo inteiro?

Pode parecer absurdo, eu sei, mas nada é impossível. Já me prolonguei demais, mas o que eu quero dizer é, tenhamos a mente mais aberta e sempre um pé atrás. Nunca se sabe quando o lêmure pode se tornar fêmur de uma hora pra outra...






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